domingo, 3 de abril de 2011

Portugueses limitam crescimento de cancro manipulando ambiente celular

Cientistas portugueses conseguiram travar o crescimento do cancro manipulando o ambiente que envolve as células cancerosas. O estudo publicado mostra pela primeira vez por que é que vários tipos de cancro bloqueiam a actividade do gene LRP1B.

Em 2010, uma equipa de Cambridge descobriu que o gene LRP1B estava entre os genes mais bloqueados em cancros. “Verificámos que nos tumores da tiróide havia uma repressão significativa deste gene”, disse Hugo Prazeres, que trabalha no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto.
A proteína é especialmente activa nas células da tiróide e do tecido nervoso, mas também aparece silenciada no cancro colo-rectal, do pulmão, da bexiga e noutros. Os cientistas descobriram que este bloqueio acontece de três formas. O gene pode ser mutado e não originar uma proteína normal, podem ligar-se pequenas moléculas que emaranham o DNA e assim impedir a produção da proteína e o processo pode ainda ficar bloqueado depois do DNA ter produzido o RNA – molécula que codifica os aminoácidos que formam a proteína.
“Investigámos o que é que acontecia se introduzíssemos o gene funcional LRP1B em tumores, uma das coisas mais importantes foi a repressão da invasão”, disse o cientista.
O passo seguinte foi compreender qual a função desta proteína membranar. A proteína membranar tem a "capacidade de retirar moléculas solúveis do ambiente extracelular para o interior da célula". As substâncias solúveis ligam-se a várias proteínas LRP1B. Depois, o pedaço de membrana celular que tem as proteínas, é "puxado" para dentro da célula. A equipa do IPATIMUP descobriu que, neste caso, a substância retirada pela proteína membranar do espaço extracelular é a MMP2, uma enzima conhecida por degradar a matriz que une as células. Quando as células cancerosas inibem a produção da proteína membranar LRP1B, que normalmente recolhe a enzima MMP2 do ambiente fora da célula, a enzima continua lá, a degradar a matriz extracelular, fazendo com que o tumor consiga evoluir.


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